Daí, temos um novo
rumo da história.
Aí sim, a partir deste
momento eu começo a me preocupar, pois só pensava, no “grande corte”, pois a incisão seria de ponta a ponta do nódulo, ou seja, uns 5cm. Tendo uma mama
pequena, seria quase a metade. Como muitas meninas jovens e extremamente
vaidosas, é fácil se afligir com isso. E quer saber se eu pensava no risco da
cirurgia? Sinceramente não. Talvez um tanto ”fútil”? A auto estima nessas horas
vai ao chão, e se torna prioridade. Quem não a tem, sabe o mal que pode causar a
uma pessoa. E que a tem, sabe bem a
importância da mesma.
Durante os 30
dias, eu pensava muito nisso, e coincidiu este momento com um breve término no
meu relacionamento, o que dificultou ainda mais. Mas, enfim... lá estava eu
atrás de um notebook, sendo a melhor amiga do Dr. Google, pesquisas e mais
pesquisas, inclusive questionei ao médico a possibilidade de fazermos através
do mamilo, mas ele disse que não, até cheguei ao ponto de ir em outros dois
médicos, um da rede particular e outro público e ambos me disseram que fariam a
cirurgia, porém, com uma série de exames, e até mesmo uma punção para possível
diagnostico. Já que não tinha a menor condição de continuar no particular, lá estava eu novamente no SUS. Fiquei confusa devido a divergência das opiniões dos médicos, então procurei uma enfermeira que trabalhava juntamente com ambos, e pedi sua
opinião, e ela sem hesitar me disse: O médico fulano de tal, que esta querendo fazer a
cirurgia em poucos dias, é o mais procurado e experiente do nosso quadro.
Então, optei pela experiência. Aliás, a minha opinião era fazer uma punção
antes, e não fazer a cirurgia, pois como disse, só de pensar na cicatriz que
ficaria, me dava vontade de chorar.
Os meus pais foram o
maior motivo que me levou a fazer essa cirurgia, minha mãe então, nem se fala... ficou louca na roupa (risos).
Se passaram quase 30
dias, e em uma terça- feira recebo a temida ligação, me dizendo que na sexta
faria a cirurgia. Foram três dias de apreensão.
Porém, tive tempo de
pensar em me arrumar (risos), fiz sobrancelhas, chapinha, unhas (dourada) que
a proposito AMEI!
E como sempre, lá
estava minha mãe do meu lado, me dando a maior força. No dia da cirurgia ela não foi trabalhar, mas, teve um momento que ela não pode entrar, e lá eu
estava sozinha, apenas com os profissionais de saúde e uma Senhora que também
passaria pelo mesmo procedimento, a filha que a aguardava com minha mãe, estava
tão preocupada, que me pediu para ficar de olho na Senhora, como se eu pudesse kkkkk... já
que também estava nervosa, quanto ou mais que ela. Porém, a deixei ir
primeiro, já que a mesma fazia questão. Enquanto aguardava, já
com o soro instalado e com aquela roupinha ridícula, pensei várias vezes em
sair daquele cento cirúrgico, e ir embora com minha mãe. Mas, nem para fazer
“xixi” o técnico que me acompanhava, me deixava eu ir sozinha no banheiro. Será
que tava com medo que eu fugisse pela descarga? Kkkkkkkkkkk
Fiquei a observar a
sala de cirurgia, onde a Senhora estava, na qual a porta encontrava-se semi
aberta, e vi cada equipamento estranho
entrando e saindo dali, que fiquei mais nervosa, se é que era possível!
Então chegou a minha
vez, lá estava o medico que conseguiu me deixar tão apavorada. No inicio foi simpático me
cumprimentou, assim como os demais profissionais presentes. Me deitei na mesa
de cirurgia, que a proposito estava um gelo, assim como toda a sala. Então, o medico começou a sentir minha mama, e marcar o local da
incisão, e lembro perfeitamente que disse a ele, que fizesse uma marca pequena,
só que ele repetiu que deveria ser de ponta a ponta do nódulo (triste). Aí
além da dor emocional, começou a física... onde começou a aplicação da anestesia
local, com diversas agulhadas (dói pra caramba), conforme foi aplicando, a dor
foi diminuindo (Ufaaa).
Aí começou uma coisa
que não esqueço: O som do bisturi ligado e aquele cheiro insuportável de carne queimando, ainda mais sabendo, que é a sua carne virando churrasquinho (risos). Depois daí não dói, porém é agoniante, foi quando comecei com as lagrimas e o “AI AI AI AI ”, e a simpatia do medico rapidinho foi embora. E disse que se eu continuasse
com esse "ai ai ai ai", ele iria embora e me deixaria ali na mesa de cirurgia, que eu era a mais escandalosa de todas, e que quando eu chegasse no hospital
para parir me mandaria para um hospital mais longe possível, aí que chorei ainda
mais. Tentei engolir o murmurinho, e sobrou apenas o soluço do choro e o balbuciar de uma música (Mudaram as estações). Eu estava com frio, fome, angustiada, medo e raiva! E me perguntava, por aquele
profissional ali presente não poderia me entender, depois de anos e mais anos
de profissão? Ou seria esse o motivo de me ignorar e ser grosso daquela maneira?
Durante o
procedimento, lembro-me que eu via a roupa dele com sangue, e eu olhava curiosa
e angustiada por meio do foco de luz que estava no teto, olhava o reflexo do
procedimento, o que me deixava cada vez mais “mole”. Após uma hora de
procedimento, chegamos ao fim. Então ele me deu algumas informações adicionas pós cirúrgicas, e eu imediatamente perguntei a ele, depois de quanto tempo eu
poderia usar aquela "famosa pomadinha" para cicatrizes. E a resposta foi curta e
objetiva: “Não, não precisa usar nada, apenas fazer o que eu te falei. Você só
vai gastar dinheiro e não resolve
nada”. E eu como sempre com mais um questionamento, perguntei se poderia levar o
material retirado, para fazer a biopsia particular. E mais uma vez a resposta dele foi negativa; alegando que eu não precisa me preocupar, devido o que ele
havia visto, e por eu ser paciente jovem e não ter nenhum caso na família. E que após 90 dias eu receberia o resultado da biopsia!
Minha mãe e minha irmã me esperavam do lado de fora para me levar em casa. Ao chegar, me deitei e não parei de pensar como estaria por baixo daqueles
curativos. Que só poderia retira-los no dia seguinte.
Uma pausa para mudança de assunto...
A caminho do aeroporto
estava chegando o Sr.Sinival, vindo de outra cidade, e como disse foi um breve
término, onde estávamos mais ansiosos do que nunca, por nos reencontrarmos.
Daquele mesmo dia 4 de outubro de 2013, estávamos conversando e nos beijando,
mas sem saliência (risos), pois estava de repouso.
Agora podemos voltar...rsrsrs
No dia seguinte, fui
tomar o meu banho, e chegou a hora de ver o temido corte. (E ele meu Sr. Sinival, infelizmente nesse momento não estava por perto). Lembro-me quando tirei
o curativo, as lagrimas rolaram em meu rosto, me senti tão mal como nunca
antes. Recordo que o dia inteiro fiquei muito triste. Também lembro da meiguice da minha linda sobrinha, de apenas 4 anos, que veio toda carinhosa
para cima de mim, querendo ver o “dodói”. Com seu ingenuo cuidado e carinho, me deixou bem mais animada!
Todo esse sentimento de tristeza passou mais rápido que eu
poderia imaginar, fui me “acostumando” e aceitei. Não
imaginava que o pior ainda estava por vir... Após 3 longos e demorados meses recebi uma
ligação do hospital, dizendo que precisava ir até la. Nesse dia acordei bem
cedinho, e como sempre me “embelezei” toda (risos). E lá estava eu no sala do médico, ao entrar me cumprimentou e disse: “Não tenho uma boa noticia
para você.” Pegou uns papeis e
começou a anotar, me entregou e disse: “Estou te encaminhando para um outro
hospital”. E é claro que imediatamente eu perguntei qual era a má notícia, e
por que estava me encaminhando. E
simplesmente disse: “que ele não poderia me dizer o resultado, e que no
outro hospital eles estariam aptos para me atender e orientar”. Resmungando eu insisti, e a resposta permaneceu a mesma.
Sai da sala com o
resultado e um encaminhamento nas mãos, e sem nenhuma resposta... E mais uma vez,
apenas angustia e com medo. Entrei no carro e simplesmente comecei a chorar. Lembro-me que liguei
para meus pais, e disse o que o medico havia falado. Fui para casa do meu
Amore, e imediatamente ao meu amigo Dr. Google, digitei na barra de busca: CID C50. E lá estava o resultado da busca: CÂNCER DE MAMA.
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